Estávamos em abril de
1985, e sem qualquer fundamento, a Assembleia da
República decide premiar os membros do Governo, os próprios
deputados e os juízes do Tribunal Constitucional (que não fossem
magistrados de carreira) com um direito a uma subvenção vitalícia
mensal, desde que tivessem exercido os cargos ou desempenhado as
funções após 25 de abril de 1974 durante 8 anos ou mais,
consecutivos ou interpolados – artigo 24.º, n.º 1, da Lei n.º
26/95, de 18 de agosto.
Assim, 8 anos de supostos
serviços à nação davam direito a uma subvenção vitalícia.
Pois é...
E ninguém se insurgiu?
Bem, volvidos 10 anos, as
subvenções vitalícias mantiveram-se mas desta feita só seriam
atribuídas desde que os titulares tivessem exercido os respetivos
cargos ou desempenhado as respetivas funções durante 12 anos...
Mudou alguma coisa?
Não... apenas deviam os
titulares que as pretendessem auferir garantir a sua reeleição ou
nomeação durante 12 anos...
Finalmente, volvidos 20
anos sobre a aprovação das subvenções vitalícias, estando
Portugal à beira do precipício financeiro, o Governo decide pôr
termo a estes privilégios e revoga a norma em causa.
Atitude corajosa, dirão
uns...
Atitude frouxa dirão
outros.
E atitude frouxa porque,
na realidade, a decisão que deveria ter sido tomada, então, deveria
ter sido a revogação total do direito a subvenções vitalícias.
Mas, não... Mantiveram-se intocáveis os direitos adquiridos dos
titulares que a elas tinham direito à data da revogação (10 de
outubro de 2005).
E quem são então esses
titulares? Quem são os titulares que continuam a receber a sua
subvenção vitalícia, não obstante o país estar cedente de
liquidez e de solvabilidade?
Bem, não sabemos ao
certo porque a Assembleia da República adotou recentemente mais uma
lei que pretende proteger essa informação com a suposta intenção
de proteger os dados pessoais dos seus titulares...
Pois é...
Lamentável!
Todavia, seja como for,
alguns dos beneficiários já eram conhecidos e entre eles, os mais
recentes serão Luís Filipe Menezes e Fernando Moniz. Mas, são
também beneficiários nomes como Almeida Santos, Manuela Ferreira
Leite, Santana Lopes, Correia de Campos, Luís Filipe Pereira,
Eduardo Catroga, e muitos, muitos mais...
Tantos que, no corrente
ano de 2013, serão 409... e esses 409 beneficiários custarão às
nossas finanças 6.4 milhões de euros, segundo o Orçamento de
Estado...
Vem o Governo agora
propor um corte de 15% dessas mesmas subvenções.
E até vem o PS aceitar
esse corte em nome da “equidade”, segundo o adjetivo do deputado
Carlos Zorrinho...
Equidade?
Mas, a “equidade” não
implicaria o corte total dessas mesmas subvenções?!
O Xerife Penas relembra
que essas subvenções são cumuláveis com os valores atribuídos a
título de reforma...
É que, de facto, não se
encontra sequer fundamento para a atribuição dessas subvenções.
Será que se premeia os
supostos serviços à nação? E já agora que serviços são esses?!
Mas, mais...
Não existem milhões de
portugueses a prestar serviços à nação e muitos deles a título
de voluntariado que nunca serão monetariamente recompensados?!
Alguns desses
beneficiários não estarão a auferir dessas subvenções graças
mesmo a quem os ajudou a recebê-las, favorecendo a sua eleição ou
nomeação?!
Xerife Penas falou,
está falado!